quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Liga do Nanismo Satânico

“A estratégia é sutil e implacável, não será demais dizer que logo moldarão a percepção do nanismo neste planeta”, a assustadora afirmação de Mike Tampher faz parte do depoimento que este pequeno empresário cedeu para a Comissão de Investigação Cultural do Senado Americano. Discreto, de vestimenta simples para sua elevada faixa de renda, amável, Mika passa ao largo de lembrar a imagem de ex-Diretor adjunto do Conselho Superior da Liga do Nanismo Satânico, cargo que exerceu do final da década de 60 até o final dos anos 90. Discípulo de Anton Lavey, foi um dos primeiros membros da divisão de nanistas hedonistas da recém-inaugurada Igreja de Satan, na Califórnia. Promovendo rituais adaptados à sua condição, Mr. L. – Presidente até os dias atuais que Mike se nega a nomear, preferindo utilizar seu codinome – enxergou no que seria a aurora de um novo Aeon a possibilidade de libertação dos anões, escravos de arquétipos religiosos e sociais de uma sociedade de estatura mais elevada. “Nossos rituais eram decorados com um Baphomet nanico e nosso pentagrama se inscrevia dentro do pentagrama original da ordem”, relemba Mike. Em suas missas negras promoviam orgias com anãs, resgatando uma alegada sensualidade compactada tão vilipendiada pela Igreja cristã. Nas palestras do grupo retiravam do limbo grandes nome da História do Nanismo que tiveram a reputação conspurgada pela História dos mais altos, como a vida de Thomas Priestley, alquimista tardio de Londres que confidenciou sua descoberta da existência do oxigênio a seu primo Joseph Priestly, que logo roubou sua autoria de tal descoberta, sendo posteriormente também roubado por Lavoisier em uma noitada regada a vinho do que tipo em que as proteções mentais de idéias originais se perdem no fluxo etílico. Eram zelosos em tirar do ostracismo figuras como Peter Mladênov, pároco da Igreja Ortodoxa Búlgara que como heresia delineou as leis da evolução das espécies trinta anos antes da Darwin nascer.

Trabalhando ao lado – achavam ofensa pessoal serem considerados como trabalhando abaixo do grupo de Lavey – buscavam consolidar a figura de um novo homem anão que pudesse substituir os tradicionais ícones religosos. “Tínhamos a noção de que o cinema iria construir o panteão do novo mundo, os atores herdariam naturalmente a devoção dada pelos fiéis”, pontifica Mike. Já na década de 70 a LNS através de seus milionários membros acionistas dos grandes estúdios garantiu o lobby necessário para a ascensão do ator Hervé Vilechaise garantindo-lhe um lugar como digno vilão de James Bond e como um dos principais protagonistas do seriado “A Ilha da Fantasia”. Mike comenta a série: “A Ilha era emblemática. Sem o telespectador se dar conta, estávamos projetando em seu inconsciente através de uma metáfora, a chegada do homem a um novo mundo em que flores, um velho e um anão lhes dariam as boas vindas”. Com o passar dos anos no entanto a progressão da investida anã definhou pela perda de força da LNS dentro das estruturas de poder da Igreja de Satan e assim a maior participação de atores nanicos não pôde se concretizar. A Liga conseguiu efetivar um ou outro anão nas projeções das salas, como o protagonista de Willow, ou os anões subliminares como ET, os Ewoks e o Mestre Yoda, até mesmo novos flertes com a TV como os anões profanos na obra de David Lynch. No final da década de 90 ainda tiveram um anão negro galanteador de mulheres altas e lutador de artes marciais na torpe comédia “Eu, eu mesmo e Irene”. Entretanto a cartada de mestre viria com a virada do novo milênio, como vemos na assustadora explanação de Mike: “Foi fundamental da pressão de Margareth Woodmill, amante de Alan Horn, presidente da Warner para que o projeto “O Senhor dos anéis” ganhasse vida. Não podíamos perder esta chance. Tolkien já havia nos favorecido indiretamente pela via literária, mas sabíamos que com o marketing certo e com uma produção cuidadosa poderíamos incutir na mente das pessoas que este seria o maior filme da vida delas, o Olimpo prepoderante que traria um Deus protagonista que seria um anão como todos o conhecemos mas com um nome mais eufemizado, um hobbit seria o novo Messias a salvar a humanidade!”

Ainda avesso a uma maior devassa de sua pequena conspiração, Mike deverá passar pelo menos até o final de Outubro prestando esclarecimentos à Comissão, protegido pelo FBI que incitado pela onda religiosa conservadora da disputa eleitoral promete investigar as subterrâneas relações que norteiam o alinhamento cultural do cinema americano